Fala pessoal… Estou aqui para contar mais um causo da época da oficina (eu sei que estou devendo o post sobre a Head Biker Motorcycles, mas em breve). Agora sobre uma Suzuki Intruder 1400 ou quase uma Intruder 1400 que apareceu lá na oficina em meados de 2012/2013. Na época nós tínhamos um blog, muito parecido com esse. E o proprietário dessa Intruder já acompanhava-nos há algum tempo. Um belo dia ele aparece na porta da oficina com ela inteiramente desmontada dentro de seu carro falando que curtia nosso trabalho, nosso jeito de encarar os projetos e queria que reformássemos sua moto.

Pois bem, ficamos com a moto ou partes dela para que pudéssemos fazer os levantamentos de horas, esforço e o que dava para usar ou não no projeto… Ao descarregar o carro eu notei uma coisa curiosa, o motor estava com uma coloração diferente, meio opaca, mas não me preocupei, já que eu faria um laudo detalhado das possibilidades depois, com calma. Então deixei as partes da Intruder guardadas até o momento que eu pudesse fazer essa análise.

Depois de algumas semanas, chegou a hora de fazer o levantamento das possibilidades e limitações que teríamos com essa Suzuki Intruder 1400, que vamos combinar, é uma baita de uma moto e as possibilidades de kustomização dela são fantásticas. Então fui fazendo uma lista dos peças e partes que estavam conosco da moto para organizar as coisas, vi o quadro, que estava perfeito, alinhado e já jateado para a pintura. O proprietário da moto era/é muito organizado, então todos os parafusos e pequenas peças estavam separadas em caixas de plástico. Coisa fina de se ver!

Seguimos com o levantamento, a roda traseira estava completinha, com os raios alinhados e sem nenhum amaçado, o tanque de Sportster que ele havia nos entregue para a customização estava impecável, mesas alinhadas, paralamas 100% e já jateada, enfim tudo estava muito bem cuidado. Então passei para o motor, já de cara eu vi que o motor estava com uma cor opaca e sem sujeira alguma, isso já me levantou uma flag de preocupação, pois o motor também foi jateado. Peguei aquele pequeno motor e coloquei na bancada, e já me deparei com um detalhe que me chocou na hora, na saída de exaustão do cabeçote tínhamos um pedaço de jornal fixado com fita crepe, pensei, não, ele não teria feito isso.

Pois bem, continuei a girar o motor para dar uma olhada e reparei que outros orifícios do motor também haviam fitas fechando elas, porém alguns com buracos ou rasgados… Quando vi isso, já me deu uns quatro tipos de arrepios, resolvi tirar as tampas do motor para ver se era só um medo sem fundamento, porém o medo era fundamentado. A primeira tampa que tirei, foi a do cabeçote e já de cara eu dei de frente com um caminhão basculante de areia me olhando. Aí eu já até sabia o parecer final que eu iria dar sobre esse projeto. Continuei… retirei as tampas laterais do motor e o que vi? Mais areia… Liguei para o proprietário da moto e contei o causo, aproveitei e pedi a permissão para desmontar o motor para ver o tamanho do estrago.

Tudo certo, permitido o desmonte, retirei o cabeçote da moto e… Mais areia, dentro da câmara de combustão? Mais areia, enfim, o motor estava completamente contaminado por areia. Tirei algumas fotos, mandei para o proprietário da moto (que não era de Curitiba) e marquei uma reunião na oficina para conversar sobre os próximos passos. Resumindo a ópera, o projeto não foi para frente, pois o motor estava completamente contaminado, a manutenção desse motor sairia caríssimo sem a garantia de sucesso na limpeza e descontaminação tornando o projeto inviável.

Todo esse causo contado aqui, foi para contextualizar uma dica que quero dar para as pessoas que estão lendo esse site. Tenham cuidado e se informem sobre os processos, possibilidades, boas práticas, cuidados e entreveros que a customização pode proporcionar, pois fazer sem conhecimento ou levar no carinha da esquina porque é mais barato, pode sair muito caro, como esse caso. Jatear motor dá? Dá, mas tem que saber fazer e ter os aparatos necessários para realizar o procedimento sem condenar o motor.

Qualquer contaminação que ocorra por areia, vidro, silicone, metal no óleo do motor, você estará assinando a sentença de morte dele, pois de conhecimento popular que qualquer material que possa causar um calço ou arranhões, fissuras nas partes internas do motor, irá condenar ele. Eu particularmente sou contra jateamento de motores (exceto para retífica, obviamente), pois é preciso saber isolar o mundo exterior da parte interna do motor, se não dá 💩. Pois os grânulos do material abrasivo são muito pequenos e podem entrar por qualquer área que esteja exposta e sinceramente, encontrar um local que faça isso de forma responsável é muito difícil, existe, mas são poucos.

Recomendo fortemente que se você for limpar o motor e preparar ele para a pintura, faça da forma mais segura possível, pois seu sonho pode virar pesadelo! Use removedor de tinta, lave com solventes usando pincel e paciência, muita paciência e seja feliz! Abaixo estou adicionando algumas fotos desse motor para vocês verem o resultado da brincadeira que pegamos.

Espero ter ajudado vocês e salvo algum motor de um fim trágico! E aproveitando que estamos falando de motor, sabia que o motor da Yamaha Virago 250 pode ser montado errado? Pois é, confira essa história no post de Dicas de mecânica: Virago 250 ou se tu queres saber como fica uma moto custom com pneu de carro na traseira, recomento o post Vamos falar sobre pneu traseiro, agora se tu queres abafar o som da sua motoca pois estão caçando motos com escapamento aberto, recomento o post Abafadores customizados.

Abração e até a próxima!